segunda-feira, 11 de julho de 2011

TÊMPORA LUSA

Têmpora Lusa
tempo de vida,
serpente na sorte revertida
nos sentidos usa
o mistério da vida.
Templo de amor, de cor indivisa
vive no vento
oscilando harmonia,
em alma ígnea
se estende no tempo,
tempo de amor
Têmpora Lusa.

Templo de escrita
palavras e sons
de dores e cores
Saltitante nos tons
de azuis e marrons 
e sétimas imperfeitas
alegrias e risos
maleitas e dons!

Têmporas precisas
na mente prescritas
da luz consciente.
A mente presente
no espaço equilibrado
p’lo tempo suavizado.
Têmporas precisas
sensações inscritas
audíveis,
extensíveis,
de memória ensopada
mergulhada no nada!

Têmpora Lusa
tempero português
alma difusa
que das águas se fez!
07/2011

No fim das férias ... parte II

...na sequência do texto publicado há dias, senti-me tentado a dar-lhe continuidade... 


Hoje provei-te numa sopa de deleite imaginado. Senti-te perto, tão perto que te saboreei no meu paladar… de coração calmo, desperto, senti-te em todo o meu redor, nos meus braços, na música audível, atrás da cortina, no canto mais discreto, no cantar da tua voz, nos olhares fechados, na palma da mão, mesmo em frente ao meu nariz, bem dentro do coração. Novo o gosto do paladar. Novo o conforto em redor. O silêncio da tua presença invadiu por horas todo o meu universo presente, não apenas o eu, mas todo o self. Que evasão essa invasão premente!
Um relento no ar repousou no todo esse momento duradouro de silêncio, uniforme, constante ... um relento de veraneio, fresco, saudável, de bom gosto. Gosto dos olhos fechados e da palma da mão aberta, serenamente aberta ao relento, não vá piscar os olhos e os trocar, deixando-os abertos e de mão fechada!
Tudo, tudo muito devagar, nos compassos da Serenata ao Luar, tocada de mansinho, em tempo de lua gibosa, quase plena no reflexo exteriorizado do seu vazio interior de sempre, ao relento, no verão, perto do mar…
Tive a sensação de que nada tinha fim, tu não tinhas fim, a sala não tinha fim, nada, absolutamente nada tinha fim… tudo se alargava infinitamente numa multiplicação de tempo e espaço, uma quarta dimensão multiplicada por dois, por três… um momento sem fim, eterno… ilusionismo eterno, inteiro, sem juízo de ver acontecer!
Serenidade absoluta no te abraçar... Vontade de romancear os teus sonhos, tuas paixões, tuas vontades, teu navegar… sem nada pedir, sem pestanejar. Suar-te no te amar, no exercício desse poder, altar sublime, onde tranquilamente devagar o amor pulsa sem compulsão, vive a união dos contrários, o paradoxo evidente, o lugar comum, o gosto apurado do meu paladar, a conexão divina, o horizonte sem fim, o mar... lugar sublime que, tal como a palma da minha mão, está na vida que há em mim… silêncio arrebatador!!!
Vida, esse grande mistério que me agrada seguir...!

07/11

sábado, 2 de julho de 2011

Eu os eclipses e o meu Sabiá... é lindo!

... involto em pleno solstício de verão e com três eclipses (2 do sol e um da lua) por entremeios, levei-me a mim e ao meu caro sabiá, meu violão (de momento personificado na minha nova taylor baby ... três quartos de viola, mas que som!!!) desafiando e desafinando esta tremenda simplicidade lírico musical, fascinante de se ouvir e tocar ... Que coisa mai linda... tudo por causa do amor...


A Garota de Ipanema
Tom Jobim e  Vinícius de Moraes

F7M                                       G7(13)
Olha que coisa mais linda mais cheia de graça
                            Gm7
É ela menina que vem e que passa
            C7(9-)                Am7(11)   Ab7(11+)    Gm7(11)   Gb7(11+)
Num doce balanço a caminho do mar

 F7M                                G7(13)
Moça do corpo dourado do sol de lpanema
                                Gm7
O seu balançado é mais que um poema
                C7(9-)                F7M
É a coisa mais linda que eu já vi passar

F#7M                     B7(9)
Ah, por que estou tão sozinho?
F#m7                          D7(9)
     Ah, por que tudo é tão triste?
Gm7                     Eb7(9)
     Ah, a beleza que existe
     Am7               D7(9-)
A beleza que não é só minha
 Gm7                C7(9-)
Que também passa sozinha

F7M                                 G7(13)
Ah, se ela soubesse que quando ela passa
                               Gm7
O mundo sorrindo se enche de graça
             C7(9-)              F7M
E fica mais lindo por causa do amor
C7(9-)            F7M
   Por causa do amor
C7(9-)            F7M
   Por causa do amor.

Que acordes, que harmonia... a minha aprendizagem e regozijo das últimas e próximas semanas!
bom fim de semana.

No Fim das Férias

Olá minha linda menina!
Em que estado te encontras tu? O que tens feito e o que tens tu sonhado? Como estão os teus lindos cabelos, essas tuas revoluções?
Tenho saudades de ti! É o sabor do tempo que digere as saudades. Saudades essas que tenho dos teus cabelos lindos que nunca vi!

Sinto falta de te ver e ouvir. Mas de quantas coisas sentimos nós falta!? A vida é um mistério que pouco a pouco se revela a cada passo. Mas o mistério é belo e é preciso saber pô-lo do nosso lado. Lembro-me dos passos que demos lado a lado, do mistério que nos uniu por uma verdade e que aos poucos nos foi revelado. Uma verdade de, por uns tempos, poder sonhar e desafiar o que nos transcende no meio do eterno conflito de todas as nossas faces, de todos os nossos dias.

Talvez por saudade do tempo, apeteceu-me divagar contigo... e contigo divaguei! O resultado está nestas páginas...

E tu...?
Amante do saber,
e do corpo daquele que sabe,
vestes-te de mistérios
e por eles te deixas envolver.
Por eles te atrais sem sucumbir
à procura da verdade
e da razão de existir.
Deusa do Homem, filha da humanidade,
adulta te encontras em tua breve eternidade.

E eu...?
Sinto vontade de te tocar ao recordar-me dos tremores que invadiram os nossos corpos em nossos segredos, singelos, de tão variados encontros... Em Everyone Says I Love You vivemos um acto terrorista que viria a mudar sentimentos vários, numa brevidade de tempo, que por essa altura se aproximava...
A vida compõe-se sempre p'los mesmos elementos: acção, sentimento, pensamento e percepção. As distinções do real... as mudanças e mutações porvêm da combinação desses mesmos elementos. O novo surge sempre numa irracionalidade liberta da racionalidade anterior. É disso que se trata a paixão, o amor, o saber e todos os estados que aparentemente surgem como novos.
O extravagante menino tímido que, como um rio a montante, muito se agitava a novas combinações!! Que extravagância!!


O que é que vamos fazer?
Jantar ao meio dia ou ver a praia na cidade antes do amanhecer? Vamo-nos conhecer? Sim, claro, conhecer o sagrado e o profano de cada um de nós, que nos une em todos os nossos actos. Afinal, o fim do mundo está próximo! Pelo menos diz a profecia!
Não, pelo contrário, vamo-nos endividar para a eternidade com promessas efémeras que resistem ao tempo apesar de tão curta duração. Tal como o relógio do tempo, as efemérides nunca mais serão as mesmas. Parecidas talvez, mas nunca mais serão as mesmas e para sempre foram mudadas. E que interessa isso?, quando, também nós nunca mais seremos os mesmos! Apenas é preciso acreditar!!! Eu acredito em ti? E tu?


Talvez...
Sim. É claro que sim!
Afinal tudo passa por aí!
Não como um meio,
mas para um fim.
Desse fim ...
desse talvez ...
nunca nos libertamos
pois assim,
intentos nos prolongamos
sobre a guarda do fim,
do porvir, que, por sua vez
nos sublima e se encontra nas sucessivas vontades deste nosso subtil ser...
Esse, essa, Tal Vez ...

Um beijo
19/09/2001

Tesouros

encontrados no vasculhar desta semana documentos de longa data... :) que agradável surpresa!!! nem me recordava ... uns, Caderno de Textos, soma de breves tentativas para iniciar uma narração ou talvez crónica..., outros acumulam-se numas quantas notas, citações de livros e citações próprias, títulos ou temas para livros, teoremas epistemológicos... de um hiato temporal entre 97 e 2001 ...  

Retratos de fantasias pessoais...
Publique-se ...

"Os Homens do deserto são os mais amigos e generosos porque não possuem nada.", in O Alquimista de Paulo Coelho, (leitura provável de 97)

Assim como eu e todos estes excertos pessoais publicados ... ficamos mais amigos e generosos, pois já não nos guardamos só a nós!


CADERNO DE TEXTOS

TEXTO Nº 1
Passeava de mansinho perto de uma casa abandonada. O sol de Outono, enganosamente, germinava ervas daninhas entre as folhas caídas e apodrecidas nesse dia soalheiro e melancólico. No meio, soavam alguns sons frenéticos e agitados, como se de neurónios electrizantes e dopados de trata-se. Era a angústia que elaborava tais imagens no deslocamento à solidão sentida e desmedida dos meus pensamentos, sem os poder comunicar com ninguém. Sim, comunicar, num sentido de um qualquer interlocutor que fosse, e me ouvisse e compreendesse nesse Outono primaveril que se apodrecia cada vez mais e se aproximava do Inverno.
O mar ripostava num certo brilho de desafio e longevidade que atiçava as folhas caídas de coragem para a boa primavera desejada e interiorizada nos pensamentos.
Desfraldei-me do cinto apertado e fiquei nu ao sabor do vento tão apetecido e refrescante, que demorei mais duas horas nesse estado febril. Ao dar conta do tempo, assustei-me, pois o sol, já se esmorecia pelo horizonte incerto e sonhador, na revelia e coragem que me impôs para o sonho e o adormecer desejado ...



Outros se seguirão...